terça-feira, novembro 02, 2004

Doces ou Travessuras?

Já me dizia um primo que o Brasil só seria uma potencia mundial reconhecida, quando fosse constatado, em plena Nova York, Londres, Paris e Amsterdã a presença das carrocinhas do Angu do Gomes nas praças e ruas destas capitais, sendo reflexo da expansão de nossa popular cadeia de “fast-street-food”.
Mas isso era somente uma utopia que não se concretizou nunca, até porque a própria marca desapareceu das ruas do Rio de Janeiro.

Ontem, percorrendo os arredores de Jacarepaguá, me deparei com três vampiros, duas bruxas e um fantasma. Evidente que o feitiço se virou contra o meu primo, pois a febre do Haloween, pelo menos por aqui tem cada vez mais adeptos.

Sei que temos a tradição de nos fantasiarmos – Rui Castro em seu livro Carnaval no Fogo – descreve um episódio ocorrido em meados do século XIX, quando uma comitiva francesa aportou por essas bandas.

Para recebe-los D. João VI ofereceu um baile noturno no Paço Imperial, mas como a nova sede da corte não tinha mulheres em abundância, a solução foi “transvestir” os guardas de mulheres para os franco visitantes.

Vá lá, que este fato talvez tenha influenciado nosso evidente gosto por colocar uma fantasia e cair na farra, basta ver o que é um carnaval no Brasil, onde o importante é se disfarçar em pierrot, colombina, pirata ou jardineiro pra cair na folia (viva França e Itália e suas parcelas de influencia em nosso Carnaval).

Neste caso o Haloween atende a nossa demanda festiva, mas essa moda de adotar a festa Yankee não tem ligação alguma com nossa tradição histórica, folclórica ou cultural. É aculturação mesmo!!!

O que está presente aqui neste texto é uma constatação do imperialismo cultural agregado nos filmes da terra do Tio Sam , reforçado nos milhares de cursinhos de inglês aqui no periférico terceiro mundo.

Oh Renato Motta! Não seja tão preconceituoso, porque apesar da moda, o Haloween é uma possibilidade festiva de abrir nossas asas, soltar nossas feras, cair na gandaia e entrar nessa festa.

Então... Que venha o Dancing Day, até porque o verdadeiro dia das bruxas está ocorrendo hoje lá nos EUA, com a escolha de um novo presidente. Esse é o verdadeiro terror para nós, habitantes do resto do planeta. Qual será a cara do novo monstro? E o que ele vai querer de nós? Doces ou travessuras?

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