segunda-feira, novembro 29, 2004

Uma pequena revolta com causa


Vejam os caros bloggueiros, o absurdo que me aconteceu: Ontem, preparando pra postar imagens de quinta feira nesta Babilonia, tenho sempre que acessar o Blogger brasileiro, comprado pelas organizações Globo:
http://www.renatomotta.blogger.com.br

Não é que quando digitei minha senha e o logguin, fui informado que havia abandonado o Blog por 90 dias e que pra reativar tenho que me inscrever.

Ora bolas, se a minha ultima atualização foi quando o Rogério esteve pelo Rio (no mes passado) como é que completei 90 dias sem acesso? Como diria o apresentador da tv da Record:
- Isso é uma vergonha!!!!

sábado, novembro 27, 2004

BLOG DA BABILÔNIA
3 ANOS


Foram tantos contos, causos, histórias, Rio de emoções, Janeiros, viajens, Pernambuco, abandonos, colaborações, poemas, imagens, parceiros, amadurecimento, de configurações, de 1 Baticum, de 2 Gravatá,s (Caderno Info Etc)... que enfim, chegamos na celebração.

Hoje a Babilônia tem uns 45 assiduos leitores diários, mais de 600 publicações, e uma insitente tentativa de ser lúdico, cômico, poético, crítico e interessante.
Deixo então a publicação do terceiro aniverário, com 3 post de uma colaboradora de Vitória-ES que em novembro de 2001, definiu a Babilônia Virtual desta forma:

BABI BLOG
Por Carla Nascimento

Babi Blog
Babi Blo.
Babi Bl..
Babi B...
Babi ....
Bab. ....
Ba.. ....
B... ....
Bandalha Pura !!!!!!!!

quarta-feira, novembro 24, 2004

O caso Cesár Maia

Pois não é que o prefeito re-eleito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL), antes de assumir, já está se lançando a candidato de Presidente da Republica em 2006. Houve ecos de indignação por partes de alguns jornalistas e de alguns políticos, inclusive da esquerda que disputaram a prefeitura.

Ora bolas, quanto a elementos da sociedade, dou um desconto e faço coro contra esse tipo de atitude, mas “pêra lá!!!”

Vamos dar uma olhada no quadro de disputa a prefeitura do Rio:

  • O Senador “Pastor” Crivella (PL) – foi o segundo mais eleito se ausentou do Senado para disputar a prefeitura! Quem seria seu suplente? Os eleitores votaram em sua suplência?

  • O Deputado Federal Jorge Bittar (PT) – foi o mais votado, e será que seus eleitores estariam escolhendo o seu suplente também? Perdeu feio na eleição do Rio.

  • A Deputada Jandira Feghali (PC do B) – eleita com um numero significativo para exercer o mandato no Congresso, também se ausentou da Câmara dos Deputados Federais.
    Mas isso não se restringe somente ao Rio de Janeiro, a direita e a esquerda fazem isso como se fosse uma coisa normal desde 1989.

    Se houvesse uma legislação eleitoral séria (que nesse ano se preocupou em reprimir a boca de urna) deveria elaborar uma lei que impedisse aos eleitos (em qualquer nível eleitoral) de disputar qualquer outro cargo publico. Só ao fim de seu mandato.

    César Maia, nesse caso, no ato de antecipar sua disputa à presidência, acabou deixando em evidencia a brecha na lei, uma falha do Tribunal Superior Federal que dificilmente será corrigida, graças ao clientelismo político que existe neste sistema.

    Aguardem 2006, vai ter muito vereador disputando uma vaguinha de Deputado estadual, Federal ou Senador... Quem viver, verá!!!!
  • terça-feira, novembro 23, 2004

    Retratos do Cotidiano 2


    Por Beto Barraca



    RECIFE
    - Estação do metrô lotado. Cerca de 18:10 h, um calor de lascar, aliás isso se repete dia-a-dia no verão pernambucano. Voltar do trabalho, “dá” um trabalho
    danado. Muito suor, mistura de ritmos vocais. Não se entende muita coisa, já que
    o emaranhado de sons se propaga por todos os cantos na estação, do
    vagão do trem aos corredores que dão acesso a saída e a entrada.

    Perceptível aos meus ouvidos coadjuvantes, a decodificação dos ritmos vocais vão
    lentamente dando origem a mais um ato da cena cotidiana de minha ida. Prefiro,
    todos os dias, o último vagão, ou o primeiro no vai e vem entre Jaboatão – Barro - Jaboatão. Sempre cabe, a mim e a meus ombros cansados, corroídos
    por um dia de agitação ainda mais agravados pela agitação do cotidiano.

    Por acaso penso: “Acho que vou pegar um vagão que me dê acesso mais rápido à saída na estação terminal Jaboatão. Aquele que dê direitinho com a descida, onde centenas de trabalhadores enlouquecidos descem aos sons triunfantes de um findo
    dia de trabalho.”




    Na procura de participar coadjuvantemente, arregalo meus ouvidos na multidão e
    começo a ouvir belezas do linguajar tipicamente nordestino, a gritar, naquele som
    oco, turvo e risonho, descendo pelo corredor de acesso à saída. São campeões, na
    carreira enlouquecida, enquanto que a torcida grita enfaticamente em sons
    ensurdecedores:
    “Vai pegar o urso, é filho da puta!!!” Gritam alguns torcedores.
    ”Já vai né corno!!!”. Gritam outros mais enfáticos.

    Mas naquele dia estas cenas ainda estavam por vir. O que aconteceria momentos
    após a chegada de mais um metrô atrasado à estação de metrô do Barro, era cena
    de merecidos aplausos por sua singularidade.

    Eis que entro no penúltimo vagão com sentido a Jaboatão. Já me deparo com a risadagem geral. As gargalhadas surgem de todos os lados. Meninos, velhos, jovens, mulheres casadas, homens soltos e solteiros.

    Todos participavam do Retrato do Cotidiano daquela noite quente e sem chuva. Tratava-se de uma anciã, beirando seus 75 anos, improváveis, já que a calejada face, no nordeste do Brasil, não necessariamente quer dizer muitos anos de vida e sim poucos anos de muito sofrimento.

    A velha senhora, tipo egocêntrico de ser, ia conquistando, cativando o público de corpo suado presente. O teatro estava totalmente lotado. Não havia condições de maiores
    remelexos dentro daquela sala móvel quente.

    Sua primeira fala foi impecável, típica de uma grande dama dos teatros mambembes brasileiros: “Ai, acocha mais! Vai comer ou vai embrulhar.”

    A platéia seguia atônita às passagens do belo texto improvisado que aquela senhora dispunha em sua voz comprometida pelo tempo: “Vai gostoso, aperta mais.” - Dizia ela aos risos de uma bela pombagira nordestina: “Ai, assim tu vai matar a véia! Empurra toda!” Acrescentava ainda mais incisiva. Isto tudo entremeado por pitorescas cantorias dos terreiros de macumba da terra. Cânticos da noite, cânticos da vida dura e difícil dos subúrbios pernambucanos.

    A cena chegava perto do seu desfecho. O segundo ato estava prestes a terminar.
    Pressentindo o final, os novos fãs começavam uma barulhenta homenagem para aquele
    velho corpo indecente: “- Tá gostoso ? Gritava um. “E agora tá melhor ?” Completava outro.

    O fim estava próximo. Estávamos chegando a Jaboatão. Iria começar toda a sonoridade dos corredores lotados. O acesso à saída já era uma certeza. E eles desceram, fãs e a primeira dama do teatro móvel, unidos, do jeito que ela fora transportada por toda viagem, colados,corpos nos corpos. Acabava também mais um dia quente de trabalho, mais um retrato da vida cotidiana do povo pernambucano.








    Para quem nunca foi a Recife: o trem que integra tanto Jaboatão dos Guararapes para o Centro, como o da Rodoviária pro Recife, parece que foram projetados pro rigoroso inverno da Suíça. Vejam caros bloggueiros não tem ar condicionado e as janelas quase não abrem, causando uma sensação térmica tão abafada quanto a um forno em pré cozimento.

  • Beto Barraca é proletário, professor de história e um grande amigo que mora em Jaboatão de Guararapes-PE.
  • segunda-feira, novembro 22, 2004

    Me Belisquem

    Deu no site do Lance agora a noite:

    "O colunista do LANCE! Juca Kfouri informou nesta segunda-feira em seu programa na Rádio CBN que Zagallo deve ser o técnico do Flamengo nas quatro últimas partidas do time no Brasileirão. De acordo com o jornalista, o presidente do Rubro-Negro, Márcio Braga, esteve nesta segunda em São Paulo para uma reunião com o Clube dos 13 e encontrará o Velho Lobo ainda nesta noite, quando acertarão os últimos detalhes do contrato. Segundo Kfouri, a CBF já autorizou a equipe carioca a contratar o treinador, que atualmente faz parte da comissão técnica da Seleção Brasileira. "

    Algumas considerações:

    Eu não acredito = 13 letras
    Mengo na serie B = 13 letras

    Grandes blogs

    Hoje eu faço três anos de blog.

    E sigo na lida, colaborando aqui com a Babilônia do meu irmão, procurando me divertir com as voltas e as voltas que o mundo dá...

    Estréia no Baticum - http://baticum.blogspot.com/2001_11_01_baticum_archive.html

    Outras casas por onde o Baticum se hospedou:

    http://www.baticum.hpg.ig.com.br/index.html

    http://geocities.yahoo.com.br/baticum2001/

    http://www.baticum.blogger.com.br

    http://baticum.blogspot.com

    www.baticum2.blogger.com.br

    http://baticum2.blogspot.com/

    domingo, novembro 21, 2004

    Rio de Janeiro: Capital da Poesia



    "E se de repente, não mais que de repente" o Rio de Janeiro se tornasse a capital da poesia do Brasil, não!!! De repente não!!!

    Isso é fatídico, e de fato o Rio de Janeiro é a capital da poesia - inclusive titulo este que já sendo protestado pelos novos poetas que circulam e declamam poemas pela cidade.

    Não é a toa que estes poetas irão celebrar a poesia num festival que praticamente acontece desde 1999. O FESTIVAL CARIOCA DE POESIA que mais uma vez tem a frente o Grupo Poesia Simplesmente (Delayne Brasil, Érico Braga, Laura Esteves, Marcio Carvalho, Rosa Born e Silvio Ribeiro de Castro).

    O programa é imperdivel pra quem gosta de ver e ouvir poemas:


    VI FESTIVAL CARIOCA DE POESIA
    Local: Café do Teatro Gláucio Gill -
    Praça Cardeal Arcoverde s/;nº, ao lado da Estação do Metrô
    Copacabana - Rio de Janeiro/RJ

    PROGRAMAÇÃO:


  • 23 de novembro de 2004 - (terça-feira)
    Exposição permanente - Poemas e pinturas no Café-Teatro Glaucio Gill

    18h - Conversa com escritores:
    Tema:
    Poesia para que serve? - Uma visão feminina
    Convidadas: Helena Parente Cunha (mediadora) - Carmem Moreno, Rita Moutinho e Viviane Mosé.

    20h - Simplesmente Baco
    Espetáculo poético-musical com o Grupo Poesia Simplesmente (Delayne Brasil, Érico Braga, Laura Esteves, Márcio Carvalho, Rosa Born e Silvio Ribeiro de Castro).
    Direção geral: Cláudio Filiciano.
    Direção musical: Érico Braga.
    Figurinos: Sérgio Stein.
    Participação especial: Jiddu Saldanha.

    20h30m - Apresentação dos poetas:
    Artur Gomes, Claufe Rodrigues, Dalmo Saraiva, Gloria Horta, Jorge Ventura, acompanhado de Nena Natal (violão e djeridu), Vanessa Heiss (pandeiro) e Ana Hainer (voz), Monica Montone e Sady Bianchin e O Sombra.
    Apresentador da noite: Sergio Gerônimo

  • 24 de novembro -(quarta-feira)
    18h - Conversa com Escritores
    Tema:
    Poesia para que serve? - Uma visão masculina
    Convidados: Tanussi Cardoso (mediador) - Alberto Pucheu, André Gardel, Caio Meira, Francisco Bosco e Marcus Vinicius

    20h - 2/Duos
    Espetáculo de música e dança flamenca sobre o poema Traduzir-se, de Ferreira Gullar

    Grupo Toca Madera: Daniela Matheus e Eliane Carvalho (bailarinas), Alejandro Gonzáles (percussão), Allan Harbas (violão), Sérgio Otero (violão), Tiza Harbas (voz).
    Direção: Clara Kutner.

    20h30m - Apresentação dos poetas:
    Cairo e Denyzis Trindade, Cynthia Dornelles, acompanhda de Bruno Tavares (violão), Eugenia Loreti, Kyvia, Mano Melo e Veronica Diaz

    21h - Concurso Nacional de Poesia no Teatro Glaucio Gill - Resultado e Premiação
    Apresentadores da noite:
    Rosa Born e Tanussi Cardoso

  • 25 de novembro - (quinta-feira)
    Local:
    Clube de Engenharia (Av. Rio Branco, nº 124 - 23º andar)

    19h - Coquetel de Lançamento da Coletânea "1825 Dias de Poesia" (coquetel, autógrafo e leitura de poemas) com grande baile para animar a noite.

    Coordenação: Ângela Carrocino, Elisa Flores, Elvé Monteiro de Castro e João de Abreu Borges.

    POESIA SEMPRE, POESIA CADA VEZ MAIS!!!
  • sexta-feira, novembro 19, 2004

    O Amanhã


    Por Renato Motta

    No alvorecer da manhã,
    Até a sua madrugada, os Deuses e Orixás irão se curvar:
    A natureza e os passaros irão se lembrar
    De Norte a Sul, os tambores irão soar, ressonar
    Num acalanto, na força de luta e de resistência...
    E numa única voz, numa única batida, Zumbi
    Palmares que ainda existe por todas as favelas do Brasil
    E o surdo de uma escola de samba vai dar o seu tom melancólico
    No Maracatu, a alfaia da nação vai chorar
    E no Afoxé vai rufar o atabaque
    Chora Nanã, Ogum e Oxossi se cumprimentam
    Dança no Congo e no Jongo da Serrinha
    Minhas lágrimas correm pra Iemanjá
    O sangue dos navios negreiros
    Que por séculos, irão ressurgir no mar
    E a consciência negra vai despertar

    Cadê você Zumbi!!!
    Ta nos olhos daquele menino da favela.
    Cadê você Zumbi!!!
    Ta no negro fugido das balas perdidas
    Cadê você Zumbi!!!
    Ta na dança formosa daquela passista
    Cadê você Zumbi!!!
    Ta nas Raízes, do coração, do Brasil.

    Filosofia Poket

    Grande evolução dos seres humanos, a filosfia em minutos, e enquanto isso, Rice é a nova senhora Guerra.

    Tempos dificeis estes.... E o declineo do Imperio Americano segue seu rumo via Bush!!

    quinta-feira, novembro 18, 2004

    Impressões Visuais


    Por Renato Motta

    Deixo vos,
    Com as minhas impressões....
    Impressões digitais
    Em teclados universais
    Implosões emocionais
    Em respostas ocidentais
    Incompreensões gerais
    Expressões locais
    Para meu contato imediato do terceiro grau.

    Deixo nos
    Com as impressões impessoais
    Para as reflexões transcendentais
    Ideologias estatais
    Para os mercados verticais
    Explosões conceituais
    Para as atuais guerras medievais
    Impressões visuais
    Para meu instintivo blog internéticamente virtual


    Poema que foi inspirado no texto poético de Gilberto Gil – Geléia Geral e no poema conceitual de Wally Saomão

    terça-feira, novembro 16, 2004

    O Tempo e as Coisas

    A ausência de palavras e textos foi praticamente para que eu pudesse dar um tempo (pelo menos o meu); de viver o mundo, o nosso mundo real, distante desta virtual ferramenta; que insisto que seja o meu exercício contínuo de testar as palavras de todas as formas... De poder escrever...

    Samba, suor e cerveja
    Posso confessar que os dois ensaios de bateria, as minha idas ao trailler: Quiosque do Tom e as geladas do feriado completaram meu Samba, suor, cerveja e praia.

    Seria perfeito se o Galo não humilhasse o Urubu e o fantasma da segundona ronda nosso astral.

    Vá lá... procuro uma desculpa... um sinal de salvação que enfim encontro no compositor Djavan:

    "Inda bem que eu sou Flamengo/Mesmo quando ele não vai bem
    Algo me diz em Rubro Negro/Que o coração me leva além
    Boa Noite(...)"

    PS: Para quem viu o Bem Amigos de ontem, esse post script é especialmente pro Eduardo Bueno e sua soberba gremista...
    - Ô tchê! tô torcendo pra vocês cairem...

    quarta-feira, novembro 10, 2004

    Me atendeu com aquela voz de máquina
    opaca, contida, estática,
    e eu queria fervilhar idéias.

    Nem esperei o sinal.
    Surpreendi seu blá-blá-blá impessoal:
    não há mensagens na porra da secretária

    terça-feira, novembro 09, 2004

    Olhar




    Sabemos da complexidade que envolve a captação de imagens pela nossa retina, ela tem um caráter duplo que passa pela absorção da imagem (que neste caso tem como variante a intensidade da luminosidade) dando a clara noção do que podemos absorver e enxergar durante o dia e durante a noite. Ausência ou presença de luz e que tipo de luz.

    O aspecto, talvez o mais abstrato, mas extremamente significativo: A forma como observar os acontecimentos, que no fundo fica impresso no olhar as nossas profundas conclusões sobre os fatos ocorridos. Nesse caso podemos incluir aí o desinteresse do olhar, até o medo profundo. Na verdade a gama de possibilidades de interpretação pode ser múltipla.

    Na ultima sexta feira, estava no meu trabalho, dentro do Morro do Macaco observando as coisas acontecerem (um tiroteio intenso na operação da PM) E quando pude sair, os olhares representavam apenas um sentimento estampado nas retinas – o medo.

    Saldão

    Sei não, o saldo é significativo:
    61 amigos, 18 comunidades e algumas surpresas de amigos que não via a muito tempo.

    Agora tenho certeza que fiquei contaminado pelo virus do Orkut!!!

    Pobre da Babilonia que ficou meio abandonada.... Mas não está esquecida.
    Se preparem porque amanhã tem Trocando em Miudos Por Sarapatéu, aqui na Babilonia mais completa da Internet!!!

    quarta-feira, novembro 03, 2004

    Cenas de um cotidiano em Pernambuco


    Por Beto Barraca

    RECIFE -Ao transitar as inúmeras vezes nos ônibus que me levam à velha labuta, me deparo com cenas mui inusitadas. Muitas e muitas vezes tenho que viajar sob o julgo da oratória de fiéis evangélicos. São muitos os minutos de angústia, dos quais qualifico como dilacerantes, desconcertantes, horrivelmente impiedosas as palavras do irmão da fé.

    Penso, como pensam outras pessoas: Vamos todos parar no inferno, tanto que não nos encaixamos nos padrões morais de nossos oradores.

    Outras cenas me levam ao deleite, ao prazer de presenciá-las, escutá-las. São verdadeiras obras primas remando ao vento quente do nordeste do Brasil. Pérolas que participo com meu ouvido coadjuvante.

    Belo dia entro no ônibus Barro/Macaxeira, veículo este que me leva a outro ônibus com destino ao distrito industrial no qual me acabo por oito horas diárias. De repente dou de frente com duas senhoras que tinham como destino os presídios da Ilha de Itamaracá. E começa o ato número um.

    Ato 1
    Aquela senhora morena, baixinha, de olhar simpático, típico dos meretrícios pernambucanos, começa uma conversa pitoresca acerca do que iriam fazer para aquelas bandas dos presídios da Ilha.

    - Vou ver meu homem - diz a outra senhora, mais branquinha, de altura tão igual a outra.
    - Primeiro vou lavar roupas depois me deito, mas só quando terminar a roupa - retruca a morena.
    - Eu não, vou botar meu biquini, dar uma volta na praia e depois vou dar uma
    furada. - Completa branquinha.

    Aquilo tudo passava percebido pelos ouvidos dos que estavam na parte traseira do ônibus de Abreu e Lima. Confabulavam com extrema liberdade. Os detalhes eram contados abertamente. Tão abertos que descobri o que queria dizer a branquinha com a expressão "dar uma furada".

    É isso mesmo que você pensou, “dar uma trepada com seu nego quente. Matar as saudades do seu amor fiel. Eram as minúcias dos encontros amorosos das amantes de criminosos solitários.

    A vida tão aberta quanto as portas das Universidades do Amor da Região Metropolitana do Recife.

    Recentemente encontrei Branquinha novamente. Fazia um sol escaldante às 06:48 h. Estava ela acompanhada de uma outra senhora e seu filho. Tomava café pequeno enquanto "furava" a fila do ônibus.

    Entrei primeiro e de alguma forma não estava preparado para próxima cena inusitada. Mas ela fez questão de me colocar coadjuvante novamente. Eu e o Abreu e Lima inteiro, lotado. De um calor quase infernal, para aquela caixa vermelha que se transformava o Abreu, e ela entra.

    Seios fartos, cabelos encaracolados, pele branca queimada de sol, o que chamamos de galega em nossas terras. Cafezinho no bico, abrindo espaço entre aqueles que estavam em pé aguardando a partida do ônibus, quando de repente a outra senhora fala em alto e bom som:
    - Mas você gosta de café, num é?
    - E então, sou tarada por cafezinho e por homi.

    Não pude deixar de dar minha gargalhada interior e ficar agradecido por mais um dia de trabalho.


    Beto Barraca é um amigo, historiador e proletário, mora na cidade de Jaboatão de Guararapes-PE

    terça-feira, novembro 02, 2004

    Doces ou Travessuras?

    Já me dizia um primo que o Brasil só seria uma potencia mundial reconhecida, quando fosse constatado, em plena Nova York, Londres, Paris e Amsterdã a presença das carrocinhas do Angu do Gomes nas praças e ruas destas capitais, sendo reflexo da expansão de nossa popular cadeia de “fast-street-food”.
    Mas isso era somente uma utopia que não se concretizou nunca, até porque a própria marca desapareceu das ruas do Rio de Janeiro.

    Ontem, percorrendo os arredores de Jacarepaguá, me deparei com três vampiros, duas bruxas e um fantasma. Evidente que o feitiço se virou contra o meu primo, pois a febre do Haloween, pelo menos por aqui tem cada vez mais adeptos.

    Sei que temos a tradição de nos fantasiarmos – Rui Castro em seu livro Carnaval no Fogo – descreve um episódio ocorrido em meados do século XIX, quando uma comitiva francesa aportou por essas bandas.

    Para recebe-los D. João VI ofereceu um baile noturno no Paço Imperial, mas como a nova sede da corte não tinha mulheres em abundância, a solução foi “transvestir” os guardas de mulheres para os franco visitantes.

    Vá lá, que este fato talvez tenha influenciado nosso evidente gosto por colocar uma fantasia e cair na farra, basta ver o que é um carnaval no Brasil, onde o importante é se disfarçar em pierrot, colombina, pirata ou jardineiro pra cair na folia (viva França e Itália e suas parcelas de influencia em nosso Carnaval).

    Neste caso o Haloween atende a nossa demanda festiva, mas essa moda de adotar a festa Yankee não tem ligação alguma com nossa tradição histórica, folclórica ou cultural. É aculturação mesmo!!!

    O que está presente aqui neste texto é uma constatação do imperialismo cultural agregado nos filmes da terra do Tio Sam , reforçado nos milhares de cursinhos de inglês aqui no periférico terceiro mundo.

    Oh Renato Motta! Não seja tão preconceituoso, porque apesar da moda, o Haloween é uma possibilidade festiva de abrir nossas asas, soltar nossas feras, cair na gandaia e entrar nessa festa.

    Então... Que venha o Dancing Day, até porque o verdadeiro dia das bruxas está ocorrendo hoje lá nos EUA, com a escolha de um novo presidente. Esse é o verdadeiro terror para nós, habitantes do resto do planeta. Qual será a cara do novo monstro? E o que ele vai querer de nós? Doces ou travessuras?