Num Museu Lunar
Dias destes, indo afoito e atrasado pro trabalho deparei-me com a serenidade de uma garça dentro do rio Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro. Serenidade esta que me chamou a atenção; o que estaria se passando na cabeça daquela Garça, indiferente a toda a sujeira que a própria pisava?
Sim, porque o rio Maracanã, naquele estado já fica com a coloração de caldo de cana, graças ao misto de resíduos fecais, aos litros e litros de espuma, água de louça suja, enfim... uma infinidade de elementos nada agradáveis a uma garça.
De fato, a serenidade da Garça me fez dar asas a imaginação sobre o que pensaria aquela espécie frente ao alucinante ritmo frenético de uma cidade grande, urbana e cheia de nós sociais.
A solitária garça provavelmente pensava nos idos de tempos do Maracanã, sem aquela loucura toda, quando seus antepassados viviam aos milhares e ali, misto de floresta e mangue, era um local aprazível de se pescar peixinhos para a sobrevivência.
A mesma mostrava uma certa preocupação com este fenômeno global aviário, a febre, um misto de reincidência da peste negra humana, que agora atinge a ambos, ave e homem. E havendo uma suposição, um rumor, milhares de parentes terão como destino certo a eliminação, sob o risco de contagio.
Alias meu pensamento foi parecido com a desta garça, pois assim que vi a foto de um jornal, mostrando um homem todo protegido com uma roupa anti-contaminação, lembrei-me do filme Os 12 Macacos onde Bruce Wills busca desesperadamente voltar no tempo pra impedir a contaminação global por um cientista doido.
De fato que fiquei com o mesmo olhar da garça, tranqüilo, mas ao mesmo tempo preocupado. Será que estaremos caminhando para o enredo dos 12 macacos. Até lá, nosso desenvolvimento sustentável anda muito comprometido.
Sugiro então ao babilônico leitor, caminhar pelas ruas do Maracanã e de Vila Isabel, pra encontrar a graça da garça e suas primas as maritacas (um tipo de papagaio comum no bairro) ou mesmo reparar na pouca vegetação da região, que futuramente poderá estar registrada somente num Museu Lunar, ou em galerias subterrâneas.
São as fronteiras e os muros da Babilônia demarcando o espaço do tempo!
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