sexta-feira, agosto 19, 2005

Dos filhos de Francisco

"2 filhos de Francisco" começa bem já na escolha do título. Mais do que descendente, o filho é aquele que se origina, resulta, procede, é conseqüência. Na luta contra a fome, na imigração, nas dificuldades, na relação familiar, na busca de um emprego, na relação com a bola, com o amor, a saga dos filhos de Francisco é a saga dos filhos da nossa nação. É a saga do pais que sonham com o sucesso. E não com a arte. Dos que entregam ou abandonam filhos para empresários, cafetões, produtores. Dos ronaldinhos, das giseles, dos zezés. Filhos da concentração de renda, pouca ou nenhuma educação, fome, subemprego e prostituição. Filhos da persistência, da honra, do talento.

Na telona, "Dois filhos de Francisco" (não seria melhor "Dos filhos de Francisco"?) é filho do final feliz. O desfecho confere ainda mais força à saga e redime o pai dos excessos na educação dos filhos ao mesmo tempo em que não parece ser bem resolvido, talvez pelo preconceito do Brasil ao sertanejo, ao popular, ao sucesso pelo sucesso: a síntese de nossas contradições.

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