quarta-feira, abril 09, 2003

A Língua de Polanski



A língua de Polanski é cinematográfica, é de movimento em imagens, signos, sons e efeitos impressionantes. Qualquer um saí revoltado com a crueldade dos nazistas, sensibilizados com a luta dos judeus e com a sorte do pianista que consegue sobreviver, apesar das adversidades encontrada pela falta de comida, pelo frio e por ter momentos em que toca invisivelmente no piano em seu último esconderijo. E o "happy end" se concretiza quando o pianista se torna solista de uma grande sinfonica.

Mas e as línguas? Poloneses falando inglês!! Judeu poloneses falando inglês!!! O piano falando música! Os alemães falando alemão! O Pianista.
Mega, super hiper produção holywoodiana, realismo quase preciso em detalhes competentes, profissionais.

Não seria absurdo dizer que Polanski pegou um chavão do cinema. Creio não ter visto muita diferença com o filme de Spilberg da Lista de Schindler. O filme O Pianista exibe de forma maravilhosa o terror que os judeus de Varsóvia passaram durante a Segunda Guerra. Nada muito original.

Temo que ando desconfiado dos filmes onde o cidadão de outra nacionalidade fala inglês fluentemente com os seus compatriotas.

Lembro de Luar sobre Parador, num canto qualquer da América do Sul, gravado em Minas Gerais, o personagem de Milton Gonçalves falando um fluente inglês em Parador.

Língua diz tudo (parece o óbvio) e o é! Desconfie sempre.
Nos filmes da década de 60/70 de guerra, todos (amigos ou inimigos dos "Esteites") falavam a mesma língua com a diferença apenas de sotaques - soldado alemão falava inglês com poucas palavras em alemão. Caso proposital, que agia como propaganda clara dos valores norte-americanos contra os valores soviéticos do mundo polarizado. Mas o cinema exigiu uma aproximação da realidade.

Hoje percebo a sutileza das situações fílmicas do poder cinematográfico em tentar construir a história, reconstruindo uma distorção dos fatos...
Não!!! Prefiro então afirmar: Estão recontados pelas lentes de grandes cineastas, em valores difundidos a mais de 30 anos pela industria cinematográfica sobre a Segunda Grande Guerra.

O tom verdadeiro, profundo, sombrio e histórico colocando o espectador dentro da vida do pianista, contrasta de forma cínica com o inglês fluente dos poloneses. Imperceptível pra nós brasileiros, que assim como o povo norte-americano, poderá definir o bom do mal. Mas quem chegou na Polônia e em Berlim primeiro foi o regime socialista dos soviéticos e não o capitalismo americano.

O polonês (neste caso, a língua) é parecida com a língua alemã e russa. Nos causaria estranheza desconfortável e difícil de distinguir em nossos "idis e egos" o maniqueísmo da guerra.
Sem o inglês ficaria tudo muito igual.
Sem o inglês não faríamos alusão a bravura exibida em Soldado Ryan
Sem o inglês, Polanski não ganharia a guerra pelo Oscar.

Epílogo Contextualizado:
Em tempos de guerra entre o inglês e o árabe é preciso reafirmar globalmente qual língua é a vilã e qual a língua santa.

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