As Portas
De Renato Motta
Quero pedir licença
E ao leitor me desculpar
Pois farei rimas pobres
E no conteúdo, caprichar
Tenho na minha cabeça
Mil portas a flutuar
São emoções diversas
Que enfim vou explorar
São de vários tamanhos
Que dependem da minha intenção
Rodeiam a pobre da alma
Como o giro de um carrilhão
Tem a porta dos sonhos
Abrindo, não quero fechar
Tem mar, viagens e cores
Tão linda de se admirar
A outra do lado, alegria
Um brilho ao se deparar
Deixa a vida mais leve
E um riso, até gargalhar
A porta seguinte é a raiva
Essa não paira no ar
Deixo ela muito fechada
Se abre, melhor não olhar
A próxima porta, tristeza
Tenho muito a que respeitar
Oscila, como os sete ventos
E se faz, como orvalho do mar
Já no portal da angústia
Tem galhos bem retorcidos
Um árido cenário de dor
E o meu coração, esquecido
Por fim, há portas menores
Falaria da eternidade
Mas há uma, de tão secreta
Que só ao longe se vê, que é saudade
Já sei que o leitor me indaga
"- Não há uma porta da dor?"
Essa percorre nos nervos
Nas juntas, no corpo o ardor
Há uma porta a espreita
Essa se chama paixão
Por muitos dissimulada
Efêmera, é intensa ilusão
Termino com a porta vermelha
Seu nome é famoso, amor
Talvez não consiga explicar
É sentir, como nasce uma flor
2 comentários:
Lindo, amplo, dolorido, esperançoso. Um poema que perpassa uma vida e nossas fases. Contemplo sua arte concreta e realista nobre poeta.
Obrigado pela bela análise poética. Amei
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