sexta-feira, outubro 17, 2025

As Portas

As Portas 

De Renato Motta 

Quero pedir licença 
E ao leitor me desculpar 
Pois farei rimas pobres 
E no conteúdo, caprichar 

Tenho na minha cabeça 
Mil portas a flutuar 
São emoções diversas 
Que enfim vou explorar 

São de vários tamanhos 
Que dependem da minha intenção 
Rodeiam a pobre da alma 
Como o giro de um carrilhão 

Tem a porta dos sonhos 
Abrindo, não quero fechar 
Tem mar, viagens e cores 
Tão linda de se admirar 

A outra do lado, alegria 
Um brilho ao se deparar 
Deixa a vida mais leve 
E um riso, até gargalhar 

A porta seguinte é a raiva 
Essa não paira no ar 
Deixo ela muito fechada 
Se abre, melhor não olhar 

A próxima porta, tristeza 
Tenho muito a que respeitar 
Oscila, como os sete ventos 
E se faz, como orvalho do mar 

Já no portal da angústia 
Tem galhos bem retorcidos 
Um árido cenário de dor 
E o meu coração, esquecido 

Por fim, há portas menores 
Falaria da eternidade 
Mas há uma, de tão secreta 
Que só ao longe se vê, que é saudade 

Já sei que o leitor me indaga 
"- Não há uma porta da dor?" 
Essa percorre nos nervos 
Nas juntas, no corpo o ardor 

Há uma porta a espreita 
Essa se chama paixão 
Por muitos dissimulada 
Efêmera, é intensa ilusão 

Termino com a porta vermelha 
Seu nome é famoso, amor 
Talvez não consiga explicar 
É sentir, como nasce uma flor

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo, amplo, dolorido, esperançoso. Um poema que perpassa uma vida e nossas fases. Contemplo sua arte concreta e realista nobre poeta.

Renato Motta disse...

Obrigado pela bela análise poética. Amei