De Renato Motta
Como se fosse um corte
Centenas de faces dramáticas
No interno da boca e dos lábios
Milhares de farpas metálicas.
Como se fosse um mote
De um signo jamais esperado
Faço do peito, pele e da carne
Infusão, que me sinto abraçado.
Como se fossem angústias
O limite do tempo em gotejo
Faço das noites em claro
Agudas agulhas no peito.
Como se fossem palavras
Rompem meus sonos, lampejo
Abro meus olhos na noite
Interrompe os intensos desejos
Como se fossem martírios
O caos por dentre os bocejos
O ventre a ser consumido
Mil faces de um caranguejo
(Jaboatão dos Guararapes-PE, 08/10/2025)

2 comentários:
A alma em versos se fotografa
E as letras em preto e branco tú as tem
Mas no tempo maturado dos teus dias
A Memória, com leveza, o teu álbum autografa
E contemplando essa foto
Tirada com esses versos agudos
Nesse agora que parece indissoluto
Dirás a ti mesmo em tom remoto:
“ – Foi assim?”
“ – Achei que em agudo ficaria”
“ – Mas eis que hoje se revela não mais que tortuosa passagem”
“ – Foi-se!”
“ – Ficou lá, no recanto da Memória, vereda de jornada”
“ – Hoje é tempo. Sigamos!”
“ – Amanhã é dia de Maracatu!”
Adorei a resposta poética para o futuro. Belo tema a se debruçar. Obrigado Carlos
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