E-Memória
Minha memória do tempo presente, contemporânea, foi acionada abruptamente, sem perceber.
Voltemos aos idos de 1995 – nada mais que uma referencia com certa carência de uma precisão mensal. Foi lá que me deparei com o universo da @. Obtive meu primeiro correio eletrônico graças a uma parceria da UFRJ (cursei história) com a IBM.
Fiquei alucinado com essa ágil e brilhante forma de comunicação: Me comunicar com qualquer criatura deste planeta que tivesse um endereço eletrônico. Evidente que o caro babilônico vai entender que locução adverbial causal desta frase era na época um substantivo superlativo. Que seja!!! Vivia um mundo mágico, encantado!!!
Lembro que utilizávamos o Pegasus Mail em todos os computadores do laboratório do IFCS e eu adorava aquele Cavalo Alado danado que só!!!
Me trazia algumas noticias de alguns poucos amigos mesmo assim adorava ficar mandando mensagens pra lá e pra cá.
Depois era acessar o Irc e conversar em diversos canais! Adorava o Mirc abria diversas janelas: #brasil, ou #usa, #rio, #france, etc. Mas estava sempre sob o horário de funcionamento do laboratório do IFCS. O tempo era limitadíssimo.
Incomparável foi em 1997, quando tivemos, de fato nosso primeiro computador e logo em seguida, após um up grade pudemos ter Internet em casa através de um provedor, o IIS (Inside), que nos oferecia um plano básico de 30 horas por mês por apenas 40 reais.
Não podíamos passar, porque se não, a conta vinha alta... e não é que teve um mês que ela veio? Faltou a casa cair, então tínhamos sempre que verificar o contador de tempo.
CONECTAR-SE era um verbo equivalente a uma barra de ouro. Antes de utilizar literalmente este verbo, tínhamos que navegar com um plano de rota bem definido e assim que a página chegasse, corríamos com o mouse para desconectar o computador e poder ler o texto da www com calma.
Ahhhhhhh!!! Usar o Correio Eletrônico em casa! Este era um ritual digno de nossos antepassados da pré história. Farei a etimologia deste ritual!
Usávamos o Eudora versão 3.11 (com muita resistência pois queria meu Pegasus) e fui me condicionando a usar... e foi aí que eu descobri!!!
Eudora Feliz e não Sabia!!
A primeira etapa era definir meu destinatário pela agenda, que a cada ano aumentava. Abria-se como mágica uma caixa de diálogo e eu ia preenchendo abarrotando de caracteres do alfabeto inundados de emoção. Ao termino, era somente clicar no “send” e... receber a mensagem informando que não era possível entregar meu email.
Passava para o segundo destinatário e lá ia até apertar send e mais uma vez a ladainha de que não dava pra enviar... e assim continuava com o terceiro, quarto, quinto, amigo e pronto. Era chegado o momento impar e esperado!!! CONECTAR!!!
Bbzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz! Wwwnnnnnnnnnnnnnnnnniiiii, toin, toin toin! E lá estava conectado! Clicava no Send e lá iam minhas mensagens e de repente começavam a chegar as mensagens até aparecer o recado: “New Message” e um sonzinho maravilhoso. Agora era só desconectar e sorver cada mensagem como se fosse uma carta recém aberta. E o melhor, dava pra responder naquele momento, naquela hora....
Mas pêra lá jacaré!!! Conectar e enviar era só para amanhã!!
Eudora Feliz e não Sabia!!
Hoje as coisas não são mais assim, tudo mudado, não tenho mais “dial up”, devo ter recebido umas 50 mensagens enquanto escrevia essa crônica.
60% devem ter caído no meu anti-span. Outras mais são de grupos e listas que faço parte.
Outras devem estar me pedindo pra que eu entre em alguma comunidade do Orkut que não me interessa. De certo que haverão mensagens me avisando que algum amigo meu deixou uma mensagem dentro do meu perfil do Orkut.
Creio que uma ao certo, ou duas três, serão de fato importantes.
De resto perco meu tempo a reforçar nesta frase de duplo sentido: Eudora Feliz e não Sabia!!
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