Arco-Iris
Nessa sexta feira marquei com uma galera de serviço Social na Lapa. O
motivo é que o Adriano (XUXU) de Pernambuco se mudou pro Rio de janeiro e
era o convidado especial.
Assim que cheguei, o bar que havia escolhido era meio esquisito.
ARCO IRIS DA LAPA.
Mas como iriamos nos encontrar para bater um papo antes de caminhar pela Lapa não vi problema.
Realmente era um bar GLS, com gente estranha e esquisita.
Sentei sozinho e pedi uma Bhoemia.
Enquanto bebia e esperava, percebi que uma moça, de cabelo curto, que fumava muito,
tinha uma garrafa de cerveja a quase 1 hora e parecia estar completamente
embriagada me olhava.
Primeiro ela me ofereceu um shampoo. Fazia mil gestos, sinalizava que era
perfumado, etc... Gesticulei que não me interessava.
Depois, ainda de longe, me ofereceu brincos. Fiz o gesto de não usar brincos.
Ao meu lado, um senhor chegou perto de mim e falou:.
- Vai lá, senta do lado dela. (era até meio chato, mas ele tava ligado em
todas as movimentações do bar) era um senhor negro, bem vestido e se sentiu no dever de cupido, tentando me aproximar da moça de qualquer forma.
Me senti numa situação constrangedora.
Não satisfeito com a meu ato de ignorar a cantada da moça, o homem convidou ela pra sentar na sua mesa.
Eu fiquei praticamente pressionado tendo ela ao meu lado. Ele rapidamente abandou a mesa me deixando sozinho com aquela criatura.
Peguntei o nome dela, por uma questão de delicadeza que não respondia nada, apenas fazia gestos, caras e bocas.
Eu não tava entendendo nada.
Enquanto aguardava meus convidados, escrevia um pequeno poema num pedaço de papel.
Ela pegou a caneta e o papel e escreveu meio torto:
"22 CRISTINA".
O senhor, vez em quando aparecia na mesa e falava pra ela:
- Conversa com ele!!!!, conversa com ele!!!!
Eu me perguntava - O que estou fazendo aqui????
Depois ela me mostrou um baralho colorido, no minimo ela queria tirar minha
sorte. Fiz o gesto de não querer o serviço da cartomante
Ela começou a cantar qualquer coisa irreconhecivel...
Botei a mão no ouvido pra tentar escutar o que ela falava, percebi sua voz fanha e sem ritmo.
BATATA
Ela era surda-muda... Surda e Muda mesmo, de verdade.
Me perguntei de novo:
- O que estou fazendo aqui????
Ela continuava cantando, como que num transe e simultaneamente, meu celular
começou a tocar..
Quando ela olhou pra mim, mostrei que meu celular tocava. Ela parou de
cantarolar e ficou prestando atenção em mim.
Atendi, e era Everaldo.
Informei onde estava e ele em poucos segundos entrou no bar.
Pra nossa infelicidade teve que ficar em pé, pois não tinha cadeira
Ela, a surda-muda, ficou me pressionado e segurando minha mão pra que eu ficasse
.
Me coloquei de uma forma para que ela não lesse meus labios e falei pro meu
amigo
- Everaldo vamos embora, rapido, ela é surda muda e tá me cantando.
Informei que ia embora, ela ficou irritada e triste Paguei minha cerveja e
fui embora.
O senhor, que tava ligado na situação, não perdeu tempo.
Quando gesticulei que iria, ele rapidamente voltou pra mesa da moça, e
provavelmente ira levar a surdinha pra algum lugar.
Falei pro Evraldo,
- Cara, que dia esquisito este, e o Adriano me deu um bolo hororoso.
Fala sério, a Lapa dificilmente me verá na sexta feira.
Constatei a deficiencia que temos em nos comunicarmos com os surdos e mudos.
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