O Homem do Ano
Preciso descobrir que curso de interpretação Murilo Benício fez. O professor dele deve ter o registro suspenso. Em duas horas de "O Homem do Ano", Benício fica pelo menos 1h57 com os dentes travados (abre a boca apenas quando vai ao dentista), fala baixiiiiiinho (só grita uma ou duas vezes) e com o queixo projetado para frente. Tudo bem, "questão de estilo", dirão alguns. "É a composição do personagem", defenderão outros. Pois eu digo: estilo ruim e composição péssima. A decisão de fazer um personagem queixudo tornou ainda pior a já terrível dicção do ator. Sem contar as piscadelas de olho que se tornam mais freqüentes quando ele está tenso e o tique de mover bruscamente a cabeça - é a ressurreição do clone Léo. Não se espante se, no meio do filme, você se pegar procurando a Jade.
Há uma cena específica na qual ele supera o direito de ser canastrão (não posso descrevê-la senão estraga para aqueles que ainda não viram o filme, mas quem já assistiu pode identificar com a seguinte dica: é a cena em que um homem mostra a ele uma pulseirinha). Na cena em questão, pelo que eu percebi, era mesmo para ele ser bem ridículo, mas ele superou os limites e ficou over. Basta dizer que até Natália Lage está melhor do que ele no filme. Pior: até (Paulinho) Moska está bem melhor...
O filme em si não é ruim. Tem as presenças de Lázaro Ramos e Wagner Moura (que parecem ser os novos Matheus Nachtergaele e Selton Mello - filme brasileiro para fazer sucesso tem que ter pelo menos uma pequena aparição de um dos dois), André Gonçalves que não faz feio, a participação de Paulo César Pereio que vale o ingresso, Jorge Dória e José Wilker bem encaixados, Agildo Ribeiro (sem adjetivos porque ainda não sei se gostei)... Cláudia Abreu é mulher do diretor, deixa pra lá. Mas, enfim, o filme não é ruim. Também não é excelente. É bom. É um bom filme para se assistir comendo pipoca e ao lado de alguém com quem se possa fazer um comentário ou outro sobre Murilo Benício. E não vá pensando que verá uma história de ação, violência e que mostra o mundo underground dos matadores de aluguel. O filme é uma comédia.
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