domingo, março 20, 2005

Justiça




Na semana passada tive a oportunidade assistir Justiça, documentário de Maria Augusta Ramos no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, filme em que os recursos de filmagem são basicos, onda a câmera está pousada e fixa no Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro, acompanhando o cotidiano de alguns personagens reais e o processo dos processos judiciais.

Coisa banal, bem verdade seria, se não houvesse um profundo caráter histórico que o filme acaba absorvendo nos seus fotogramas. Um documento bem editado que vai percorrendo os diversos espaços do poder.

Adorei a definição de Pedro Butcher da Revista Cinemais onde "A câmera é utilizada como um instrumento que enxerga o teatro social, as estruturas de poder — ou seja, aquilo que, em geral, nos é invisível.

Acho que é isso mesmo, se o filme se chama Justiça, acaba mostrando as injustiças que são particadas seja por policiais e os metodos de tortura pra conseguir o depoimento, pela indiferença dos juizes com seus erros e as suas contradições - chegando a uma caricata pantomima.

Outro ponto que chama a atenção, são as ideias da defensora publica, que no primeiro momento parece passivel aos acontecimentos, mas que acaba revelando o contraponto da estrutura social e a sua visão sobre as contradições sociais num pequeno dialogo familiar na mesa do almoço.

Por um outro lado, está o papel do favelado, do fanatismo religioso, da prece dos prisioneiros de uma facção criminosa e de uma vida nascendo, de uma criança que é filho de um condenado.

Esse recorte histórico e social de um periodo contemporâneo da cidade do Rio de Janeiro que passava por uma onda de violência extrema com ônibus sendo incendiados, este é o pano de fundo o cartão postal do Brasil, desvendando o termômetro social e seus reflexos.

Todos os prismas possíveis que vão se desfazendo em feixos, espectros de nossa sociedade, verdade seja feita, Justiça reflete isso.

De fato, assim que o filme acabou o silencio imperava na sala de projeção, mas os pensamentos de cada pessoa refletia o imacto. Por isso imperdível... recomendo!!!!

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