domingo, setembro 05, 2004

Maciel Salú e o Terno de Terreiro


É assim mesmo, ouvir o excelente trabalho de Maciel Salustiano além do composto som de rabecas, agogô, pandeiro e caixa de guerra, temos a possibilidade de viajar pelos meus belos ares olindenses.

A fome, a sede de cultura, os casarios coloridos de Olinda, as ladeiras que falam, os sons da rua e de olho fechado percorro a multidão espremida no carnaval de Maracatu, Frevo, Troças e a poética Seresta da cidade. Nas sextas ver Mestre Salú tocando na Bodega do Veio com aquela cervejinha gelada e o Zé Pereira dançando freneticamente em cima da caixa de som.

O turbilhão de imagens e de fragmentos que parecem se confundir em tons e cores desse CD, dessa minha memória que tem o sol no céu, um arco-íris no meio e um cruzeiro fincado no chão. A representação simbólica de uma paroxítona cultural chamada Pernambuco falando para um mundo insano.

Parabéns Maciel, que bom ter te conhecido e poder ouvi-lo, mesmo que seja nesse distante Rio de Janeiro. Mas veja bem, te aguardo aqui, quando vieres mostrar teu trabalho pro meu povo, que sinceramente vão adorar.

Na casa de Dona Dá
(Maciel Salú)

Chegou a quarta, eu vou embora
Brinca o boi, na rua da boa hora
Samba domingo, segunda e terça
Mas não esqueça quando a quarta chegar

O samba é bom, o terno é quente
Vai muita gente pra casa de Dona Dá

Boi da Gurita Seca e o Marinho
Tá no caminho junto com Cara de Sapo
Boi do Cupim e da Macuca
Não se assuta com o Boizinho Alinhado

Da Igreja de Guadalupe pra Pitombeira
Desço a ladeira qua a missa vai começar
Na Bodaga do Véio tomo uma bicada
Canto uma marcha e volto de novo a sambar

O samba é bom, o terno é quente
Vai muita gente pra casa de Dona Dá

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