Um Obscuro Golpe na História do Brasil
(...)“E nuvens,
lá num mata borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco (...)”
O Bêbado e o Equilibrista – Aldir Blanc e João Bosco
Há 40 anos atrás o Brasil entrava num dos mais obscuros e conturbados momento de sua história. O Golpe Militar de 1964 que perdurou até meados de 1985. Nesta minha viajem a Sampa tive acesso ao excelente caderno de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Em 31 de março de 1964 os militares, de forma arbitrária, com a deposição de um governo eleito pelo povo. E mais tarde, em 1968, com a decretação do Ato Institucional 5 foram suspensos todos os direitos, de todos os cidadãos no Brasil:
“Cuidado com o que você fala, cuidado com o que você lê. Cuidado com o que você pensa. Você pode estar sendo observado por um agente repressor infiltrado no seu trabalho, na sua escola, ou mesmo na sua família. Ele pode estar disfarçado em seu colega, amigo, chefe, professor ou em um funcionário de seu prédio onde você mora. Se ele desconfiar de alguma coisa, poderá delatar você, que estará impotente para evitar que, a qualquer hora do dia ou da noite, sem mandato nem nada, sua casa seja invadida e revistada, seus pertences revirados, seus papéis confiscados.
Sem direito a hábeas-corpus ou a presença de um advogado, você, ou qualquer pessoa de sua família, poderá ser preso e levado a algum lugar ignorado. Se tiver sorte, passará por apenas por um interrogatório constrangedor, talvez com direito a uns tapões ou pontapés. Mas se quiserem arrancar informações, mesmo que você não as possua ou seja completamente inocente, você passará por sessões de tortura das quais sairá muito machucado, e se não sobreviver, será dado como “desaparecido” e certamente será enterrado numa vala comum na calada noite, ou arremessado de um helicóptero nas profundezas do mar da Baia de Guanabara. (...)
Gilberto de Nichille – In Cultura dia-a-dia / Prefeitura de São Paulo
O mais importante é que hoje existem sedes do Movimento Tortura Nunca Mais em todo o país, para que não nos esqueçamos o que foi feito com muitos jovens, torturados, mortos e assassinados de forma covarde, bruta e desigual. Eram sonhadores que tinham uma simples utopia, a de acreditar que era possível mudar a cara do Brasil. E que por muitas cidades e meios de comunicação essa história não está sendo esquecida e sim, pensada e refletida.