terça-feira, dezembro 07, 2021

Territórios Controlados

Barra de Jangada, esse bairro apêndice da orla de Jaboatão dos Guararapes de Pernambuco, soa como um universo paralelo do crescimento desordenadamente urbano. 

Território livre para a apropriação dos controladores de corações e mentes dos mais humildes, das pessoas mais vulneráveis, dos que necessitam serem doutrinadas. A religião.

Caminhando por esse terreno ainda em formação, a necessidade de se imprimir colorido, me leva a uma galeria repleta de lojas com diversos serviços. Tive que, obrigatoriamente, me dirigir a Loja Gospel da Dani. Nome fantasia para serviços gráficos e venda de periféricos de informática.

Mas o nome faz jus ao estabelecimento, que oferece um som ambiente das rádios gospel, um misto de melodia com potentes vozes, em uma pregação sem fim. 

Confesso que fiquei atordoado. Não conseguia salvar o numero de whatsapp e enviar o documento para ser impresso. Errei o numero, corrigia e não atualizava, enquanto minha mente era inundada pelo som magnético da cantora.

Se não houvesse a música, acho que conseguiria cumprir minha tarefa com maior eficiência. Mas fui completamente dominado pelo som, que me incomodava profundamente. 

Quase depois de 20 minutos, consegui enviar o documento, pagar e sair daquele calvário. Eis que quando chego na rua, um alto falante do poste tocava uma música em altos decibéis, com um refrão repetitivo:

- Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia.....

Me senti perseguido. Definitivamente Barra de Jangada não me comporta e não me pertence. Tive que sair calado na paz do senhor....

Babilônia Irmãos. Talvez essa seja a sensação de morar em um estado que não seja laico. E que a massificação cultural, é parte de um processo de dominação. 

É um todo, de uma relação de poder de sociedades totalitárias. 

segunda-feira, julho 12, 2021

Saga de um designer atribulado

Busco percorrer o tempo que me resta por esse mundo, buscando dissimular essa distopia auto destrutiva de nossa humanidade, agravada por essa pandemia do início da segunda década do século XXI, com atividades que julgo produtivas.

Eis que esse designer de meia tigela, atribulado com o fascinante mundo do desenho gráfico, encontrou uma forma de saciar suas angústias, dominando programas que produzem cards para Instagram, Facebook e claro, para o blogspot.

Sou da geração percussora do blog, em que a linguagem aqui serve mais para divertir e cativar o blogueiro, e que foi devidamente registrada pelo livro BLOG: COMUNICAÇAO E ESCRITA INTIMA NA INTERNET da jornalista Denise Schittine.

Apesar de que sei, e sou réu confesso que essa geração citada no parágrafo anterior, sumiu, desapareceu, escafedeu-se.

Foi um processo migratório, um êxodo virtual, do Blog para o Fliker, do Fliker para o Orkut, do Orkut para o Facebook, do Facebook para o Instagram, do Instagram para o Tiktok e para o que mais vier. 

É... sou daquela geração, aquela mesmo que é paleolítica dos Crunges, a do Atari, TK95 e dos computadores 386 e olhe lá.

Mas vamos deixar de conversa e vamos aos fatos. 

Nutro com muito carinho os 5 blogs que atualizo constantemente. (Bem verdade que ando deixando essa Babilônia caducando nesse multiverso sideral dos blogs espalhados e perdidos pela Internet). 

Acredito piamente que sou um herói da resistência da blogosfera. Pura arrogância dessa geração new wave punk rock.

Mas não é que, logo quando aprendo a fazer um cabeçalho de própria autoria, ajustando todos os detalhes que estejam de acordo com a atividade do meu grupo percussivo, para o meu querido www.batuquesdepernambuco.com, descubro que fui traído pelo blogger. ISSO É TRAIÇÃO BLOGGER!!!!

A imagem que estava "supimpa" (e olha que nem sou da geração dessa gíria), quando acessei o layout, atualizando o gadget do Cabeçalho, nas ferramentas de gerenciamento do blog. Eis que descubro que a imagem ficou borrada, granulada por ter sido transformada em baixa resolução.

Foi um mix de ira, frustração, revolta, indignação, persistência, reza, oração, súplica, desespero, fadiga, fome e dor de cabeça em menos de vinte minutos.

Resolvi fazer uma pesquisa e identifiquei que no ano de 2011, o blogger passou por problema semelhante. Achei alguns videos no YouTube ensinando a bulir nesse cabeçalho, todos de 2015 que na ultima atualização, impede esses procedimentos.

Restou a esse ser desesperado, apelar para a comunidade de (auto) ajuda do blogger para tentar buscar uma solução e acabei descobrindo que o problema é recente, com data retroativa a 5 de julho de 2021 muito bem colocada pelo Marcelo:

"-Por que a imagem do cabeçalho fica com baixa qualidade? Como resolver isso?"  

Fui apoiar o Marcelo e registrar minha indignação também, tentando jogar uma luz para essa angustia e tentando chamar os desenvolvedores da plataforma para esse problemão. 

Eis que vejo uma luz no fim do tunel, uma solução apontada pelo Robô Barulhento que descreveu a seguinte solução:

  1. "- Inseri uma imagem em um post não publicado. Peguei o endereço dela.
  2. - Removi o widget cabeçalho e inseri o widget html/javascript.
  3. - Peguei o endereço que copiei da minha imagem, inseri aqui e no width e height coloquei 100%."
E quem foi que disse que isso deu certo pra mim, passei um dia tentando fazer isso e nada. Minha luz se apagou, como um cotoco de vela, em fim de velório.

Me restou portanto, fazer um novo registro na comunidade do blogger, e tentar rezar aos orixás, para encontrar a solução esperada. Deixar o banner do meu Batuques de Pernambuco em alta resolução, porque o danado ficou bonito que só.

E que fique registrado na poeira desse cyber espaço, para os futuros arqueólogos e mineradores da internet. E que eu consiga ter a resiliência necessária para o bom convívio virtual.

E como diria aquele antigo provérbio dos Encontros Nacionais de Estudantes de História e dito pelos Socabenses da Bazófia: Babilônia pouca, é bobagem!

domingo, maio 30, 2021

Pandêmico

Por Renato Motta

O fino e oco canudo prateado
Que se projeta ao climax do corpo
Em que a carne, enfim perfurada,
Se desdobra no ardor, inoculada
em duplos destinos antagônicos

Que a ciência enfim nos resolva
Que do triste sofrimento em agonia
Desse mundo real em pandemia
Redenção desses sonhos enjaulados
Mas que basta soprar poesia
Pra romper este pêndulo, arritmia

E no insano contexto pandemico
Daquele triste país paranoico.
De um certo governo polêmico
Com seu povo, fanático ou estoico
Desconhecido transtorno congênito

E a razão refinada em angústia
É comum pra quem ama e alcança
Pois o corpo que implode, labuta.
Mesmo que já perdido, avança
Desarquive a força, nossa luta.
Cultivando o frescor da esperança.

quinta-feira, março 18, 2021

Adjetivos

Por Mariliz Pereira Jorge

 

quarta-feira, março 17, 2021

Acróstico

Gesticulando,
Encontro 
Nuances 
Ostensivas, 
Cuja 
Intenção 
Demonstra 
A face da morte