Olinda
Estive hoje cedo em Olinda... a cidade parecia adormecida na bela manhã de sol. Os casarios todos com as janelas fechadas, pareciam orquestrados em me abrir lembranças do tempo em que vivi em Olinda.
Ao entrar pelo Carmo, parecia que anunciava minha chegada pelos sinos que dobravam convocando os fiéis a missa dominical. E como passante, meus pensamentos me levam aos passos de frevo e da multidão que percorre Olinda no carnaval.
Existem marcas do carnaval nos muros da cidade, as visíveis podem ser vistas nos muros pintados, nas máscaras enfeitando as fachadas pelas janelas dos ateliês, locais onde os bonecos gigantes hibernam até o próximo ano.
Já as marcas invisíveis... estas merecem uma atenção maior. Elas se escondem em cada paralelepípedo, em cada muro, nos beco, nos postes nas ladeiras, foram deixadas através da energia solta nos passos leves das passistas de frevo, nas batidas sincopadas das alfaias dos maracatus, estão espalhadas em quatro cantos distintos - Ribeira - Amparo - Carmo e Varadouro. Está no suor misturado à terra de Olinda.
Caminhar por Olinda no domingo pela manhã é poder escutar os acordes de um poeta ao violão ou mesmo o coro das freiras do convento no alto da Misericórdia. Os cantos dos pássaros compõem a cena e o vento na Sé parece acariciar-nos.
Enfim, estive em Olinda e deixei meu suor e minhas pegadas na cidade. São marcas efêmeras de quem passou por lá, dentre tantos outros que alimentam a cidade que parece ter gana de se colorir, de se travestir se preparando para mais uma folia de sons e cores que só Olinda tem em seu carnaval.
Chorei em Olinda a saudade e este sonho realizado em poder dizer que....
"Olinda
Quero cantar a ti, esta canção.
Teus coqueirais,
O teu sol, o teu mar
Faz vibrar meu coração.
De amor a sonhar.
Minha Olinda sem igual.
Salve o teu carnaval...."
Salve teus tantos outros carnavais...